12 fevereiro, 2007

Prato chinês

No armário de vidrinhos,
tão cheio de coisas que mal me lembro,
havia um prato com quatro chinesas.

Quando as luzes se apagavam
faziam vénias com as cabeças
e falavam baixinho com letras pretas.

Depois ficavam as quatro juntinhas
contando histórias da velha China.

Eram bonitas as chinesinha,
talvez um pouco todas iguais,
mas mesmo assim eu as conhecia:
uma sorria, outra sonhava,
a terceira era triste
e a mais pequena parecia olhar-me.

Às vezes me perguntava
se elas nunca sairiam do prato…

O prato era redondo,
não tinha saída.

Mas talvez pelos ramos pendentes
da árvore em flor, que lá havia,
elas pudessem escapar, subir,
fugir no ar.

Como eu gostaria que elas saíssem,
ou então,
que eu conseguisse para lá entrar…

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