07 fevereiro, 2007

Parada no tempo

Seus olhos gastos de chorar
alongaram-se pela rua
na espera sem esperar
da volta dos teus passos.

Saíste e assobiavas
olhando o Sol de frente
esquecido de acenar
sentindo o sangue ferver.

E ela, debruçada na janela
qual boneca abandonada
quando se muda de casa
nem dá pela noite chegar.

Partiste entre o alegre e o triste
liberto do repetido viver
sem desgostos nem surpresas.
Terias deixado o relógio sobre a mesa?

Seus olhos cansados de tanto olhar
fecharam-se mansamente...
A lua olhou-a no rosto,
iluminou-lhe o sonhar.

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