27 novembro, 2009

419 - Enigmático



Enigmático,
o sorriso do Buda
pode ser Tudo





418 – Um som se eleva



Um som se eleva
numa espiral sem fim,
tudo roda.





22 novembro, 2009

Te beijaria


Como te beijaria
meu Sol, meu amado,
se me sorrisses
Como te beijaria
meu amado, meu Sol
se não fugisses
Como te beijaria
oh Sol, meu amado,
se permitisses
Te beijaria,
te beijaria, meu Sol
Noite e dia
Te beijaria
     te beijaria
          te beijaria


Mulher dos olhos baços


Parada,
olhando sem ver
tão em si mesma perdida,
fechada
a outros olhares
a outros caminhos de vida,
ausente
de gestos e sorrisos
como estátua sem tinta,
olhos baços
sem leitura
intemporais e gastos,
como janelas
protegidas
por cortinas de luto,
enigma
que tudo pode ser,
qual vasilha vazia
pronta a receber
água e vinho,
murmúrios de vento,
e dores do parto.

Ali estava ela
como que esquecida
como se esperar
fosse seu destino na vida.



Sem limites



Contra ventos
e marés
abriu asas
e voou,
cruzou céus
iluminados
atravessou
mil tormentas,
foi a águia
na montanha
e o albatroz
no mar,
viu nuvens
castelos no ar
e barcos
como dançando,
sentiu fome
e tanto frio
de coração
solitário,
que bateu asas
mais forte
e subiu
subiu ao alto,
deixando
o mundo
para trás,
sentiu dor
e alegria
ao poder
o Sol olhar,
de tão próximo
que doía,
e desejou
poder ir
ainda além
do seu olhar






Mãos dadas





Ele era jovem
ela jovem era,
olhos nos olhos
mãos entrelaçadas
caminharam leves
sem muito pensar,
correram descalços
por campos e praias
em dias de sol
em noites de lua,
entraram no mar
saltaram nas ondas,
miraram o céu
de mil estrelas
nele a brilhar,
e sem pressas
se amaram
e amaram
tudo ao redor.
Pararam então
e para si olharam,
ele era velho
ela velha era,
sorriram tranqüilos
deram-se as mãos
e foram jantar.





Como se inventadas



Como se inventadas
estranhas criaturas
deslizam descuidadas
nas águas escuras.
Os corpos esguios
como notas de música
duma antiga melodia
indo e voltando
sem repetir compassos.
Os rostos brilhantes
como lembranças
de reflexos lunares,
algures numa noite
de verão vivido.
Os cabelos asas
como leque aberto
em caricias de vento,
levam para os céus
minhas doces ninfas.



18 novembro, 2009

417 - O vento passa


O vento passa
e nos cabelos fica
um sabor a Mar





416 - Olhos fechados



Olhos fechados
e o dia perpassa
como filme





415 – Flor nos cabelos



Flor nos cabelos
sou Madame Crysanthème
sou Primavera



414 – Raios de Sol



Raios de Sol
pintam de alegria
rostos e casas velhas





413 - Montes redondos



Montes redondos

enquadram a planície
que dorme em paz





412 – As Fadas azuis



As fadas azuis
de alfazema vestidas
espalham fragrâncias




411 – Pipas bailam



Pipas bailam nos céus
e a sombra segue o homem
pelo chão





410 – Mil pensamentos



Mil pensamentos
em noite de insónia
dançam de roda





409 - Em confissão



Em confissão
bons e maus sentimentos
se dão a mão

408 – Meio a medo



Meio a medo
um pequeno fio de água
galga montanhas





407 – Anjos harpejam



Anjos harpejam
em choro soluçado,
a Terra treme





406 – Com raios de Sol



Com raios de Sol
teceu um manto doirado
para seu amado





405 – De azul envolta



De azul envolta
num manto de chuva
grito pelo Sol





404 – Rochas caminham



Rochas caminham
na praia deserta
no retorno ao mar





403 - Fim de tarde





Fim de tarde
no vai vem das ondas
disseram-se adeus





402 – Sem medo do frio





Sem medo do frio
brincam nas ondas
como gaivotas





401 – Parte de mim é Céu



Parte de mim é Céu
parte de mim é Mar
- Terra no meio





400 - Um amor perfeito



Um amor perfeito
amarelo e roxo
ri no
jardim