28 setembro, 2007

O que escrevo



Se tudo o que escrevo
fosse verdade e vivido,
sem sonhos de permeio
nem sentidos pressentidos,
então eu seria o tinteiro
e da caneta a tinta,
mão, pincel, traço breve
em tela ou papel virgem,
ao me olhares tu verias
uma chama, carne viva.


03 setembro, 2007

300 – A bola foge



A bola foge
dum pé para o outro
sem ter descanso




299 – O sol nasceu



O sol nasceu
envolto em neblina
meio ensonado



298 – Fotos antigas



Fotos antigas
quase esquecidas
pedaços de vidas


297 – Numa só perna



Numa só perna
a cegonha espera
lugar no ninho



Dunas caminham



Dunas caminham
no sopro do vento
corpos de areia




295 – Duro inverno



Duro inverno,
o velho treme de frio
sem cobertor



294 - Luz de pirilampo



Luz de pirilampo
mais parece lanterna
de gnomo



293 – Ao sol sentada



Ao sol sentada
do livro esquecida
guardo teu beijo


292 – Adeus amigo


Palavras caem
com a terra e flores,
- Adeus amigo



291 – Cortando o ar



Cortando o ar
teu grito como punhal
-Oh Liberdade



290 – Um só grito



Um só grito
e depois silêncio
- assim partiste




289 – Vindo de longe



Vindo de longe
chegou em luto vestido
um som plangente



288 – Como vinho doce



Como vinho doce
um vento morno
correu a cidade



287 - Sobre o lago



Sobre o lago
a ponte de madeira
une as margens



286 – Passas no jardim


Passas no jardim,
cabeças de hortense
seguem teus passos



285 – Como amantes


Como amantes
trocam juras de amor
entre as folhas


284 - Pena



Pena, pedra,
penhasco habitado
por um sonho de rei



283 – Entre as árvores



Entre as árvores
surgiste de súbito
envolto em luz




282 – Muro de pedra



Muro de pedra
não chega para prender
a liberdade




281 – Como sentinela



Como sentinela
a árvore olha
o horizonte




280 - Em silêncio



Em silêncio
percorro caminhos
cheios de vazio



279 - Na velha rocha



Na velha rocha
musgos e fungos
fazem seus mundos




278 – Árvores dançam


Árvores dançam

de mil verdes vestidas

e braços aos céus